Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo.
Por Clarice Lispector

sexta-feira, 9 de março de 2012

HEY VOCÊ !



Ei, você. É, você mesmo. Como se atreve? Como se atreve a vir aqui, conversar comigo, me ouvir, me fazer rir, chorar, falar alto, me divertir, sonhar, me apegar, e, por fim, sair?? Quem é você pra fazer isso comigo? Não se atreva a me deixar, não vou querer....